Tempos líquidos têm mais velocidade... Há uma nota nova no sentir contemporâneo, uma linguagem nítida das consciências em rede, coincidências profundas que parecem legíveis através da ligação eletrônica e capilar dos novos meios de conexão. Sentimento que esbarra no interessante conceito da “quinta ordem” do materiliasta Comte-Sponville, que considera um possível calculo ético entre o ateísmo e a hipótese de uma dimensão espiritual.
Agora, o Brasil se levanta como país economicamente auto-suficiente no cenário global. Qual será a nossa contribuição como personagem cultural do planeta? Quais são os termos oficiais da arte internacional?
No âmbito de um avanço tecnológico onde todos podem produzir digitalmente a própria comunicação, estouram mais perguntas: há espaço para obras-primas, objetos que mudem a concepção que o homem tem de tudo? Ou o jogo acabou?
Qual o nosso papel individual no fluir da história? De que maneira o livre arbítrio incide no que é cultura?
Talvez seja eficaz compreendermos a história do objeto artístico. Da primeira palavra pronunciada pelo homem ao cinema contemporâneo, à aurora das instalações. Dentro de uma relação profunda com a matéria: o nosso mergulho no mármore.
Num mundo onde todas as artes se contaminam entre si, de novo o homem parece estar pronto para uma comunicação ligada à sintonia física, ao prazer de estarmos vivos e de usarmos a arte na vida como uma linguagem universal, um esperanto sem idiomas que solucione os confins ilegíveis das diferentes culturas.
Há milênios temos uma mesma função (de serviço) junto à todas as classes. Juntos de novo podemos decidir um significado, revogar o vício do individualismo sufocante e recuperar o valor do pensador no labirinto social. Pois se é possível comprarmos tudo, senhores, que não nos esqueçamos que artistas podem colocar à venda, em seus complexos objetos, a imortalidade dentro do famoso mercado.
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